Notícia

João Justi e Beatriz Ortiz (Biota Campos - Fapesp) - Publicado em 11-10-2024 13:00
Pesquisadoras da UFSCar são destaque em Congresso de Mastozoologia
Equipe venceu o concurso de fotografia promovido durante o evento (Imagem: Acervo pessoal)
Equipe venceu o concurso de fotografia promovido durante o evento (Imagem: Acervo pessoal)

Pesquisadoras do Laboratório de Sistemática de Mamíferos (LASISMA), vinculado ao Centro de Ciências Humanas e Biológicas (CCHB), do Campus Sorocaba da UFSCar, tiveram participação de destaque no 12º Congresso Brasileiro de Mastozoologia, em Armação dos Búzios (RJ), entre 23 e 27 de setembro. Além da apresentação de palestras e trabalhos sobre a biodiversidade do Cerrado, elas venceram uma modalidade do concurso de fotografia promovido durante o Congresso.

A professora Ana Paula Carmignotto, do Departamento de Biologia (DBio-So), conduziu a palestra de abertura do Congresso, com o tema: "Nesta longa estrada da vida, vou coletando e não posso parar: o que aprendi em 30 anos de campo". Já no Simpósio "Ecologia e Conservação de Pequenos Mamíferos do Cerrado", que fez parte da programação do Congresso, a docente apresentou um trabalho sobre os determinantes da diversidade de pequenos mamíferos no Cerrado e suas implicações para a conservação.

No mesmo Simpósio, a doutoranda Luciana de Oliveira Furtado apresentou estudo com o título "Cerrado é fogo que arde para viver: como a supressão total do fogo pode afetar os pequenos mamíferos do Cerrado". Com base em pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da UFSCar, ela compartilhou os resultados do impacto do adensamento lenhoso e do uso de fogo prescrito em uma comunidade de pequenos mamíferos na porção sul do Cerrado. 

Na seção de pôsteres, Ana Paula Carmignotto e Luciana de Oliveira Furtado, juntamente com a também docente do DBio-So Ana Cláudia Lessinger e as estudantes Ana Cláudia Rodrigues e Larissa Eler Fernandes, apresentaram o estudo "Taxonomia Integrativa: Dados genéticos associados aos morfológicos revelam uma diversidade ainda desconhecida para os morcegos do gênero Myotis no Cerrado Paulista". E, ainda nessa seção, Ana Cláudia Rodrigues, Ana Paula Carmignotto, Jessica Conceição da Silva e Luciana de Oliveira Furtado apresentaram uma pesquisa sobre registros inéditos de quirópteros no Cerrado paulista, ampliando o conhecimento sobre a distribuição e a diversidade de morcegos na região.

Carmignotto ressalta que a apresentação das pesquisas desenvolvidas no LASISMA foi importante para a disseminação do conhecimento e a troca de experiências entre alunos, pesquisadores e profissionais da área. "A participação em eventos como esse é crucial para aumentar a compreensão sobre a biodiversidade e conservação de mamíferos no Brasil, fomentar a formação de pesquisadores, estabelecer novas parcerias, fortalecer a comunidade científica e conscientizar a população sobre a importância da mastozoologia", defende ela.

As pesquisadoras do LASISMA são vinculadas ao Biota Campos, projeto temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A principal missão do Biota Campos é ampliar conhecimentos sobre a biodiversidade dos campos naturais de São Paulo, mapeando os remanescentes de campos naturais, conservando e restaurando esses ecossistemas por meio do manejo do fogo e caracterizando o solo, a vegetação e a fauna, entre outras atividades.

Concurso de fotografia
Ana Paula Carmignotto, Giovana Felício e Luciana de Oliveira Furtado venceram uma modalidade do Concurso Fotográfico, realizado durante o 12º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e que teve como tema "Minha terra tem mamíferos", com a foto de uma onça-parda (Puma concolor) na Estação Ecológica de Santa Bárbara (EESB), em Águas de Santa Bárbara (SP), onde elas realizam pesquisas. Confira a foto premiada.

As fotografias inscritas foram analisadas por uma comissão julgadora, que considerou beleza, técnica e dificuldade de obter o registro. As pesquisadoras venceram o prêmio do júri técnico na categoria "Armadilhas fotográficas". A foto foi feita com uma câmera trap, ou seja, equipada com sensor de calor e movimento que captura imagens de animais sem que os pesquisadores estejam presentes. 

Furtado conta que a foto foi uma bela surpresa para a equipe. "Nós trabalhamos com o levantamento de médios e grandes mamíferos na EESB por quase três anos consecutivos, período em que pudemos fotografar diversos animais, mas a maioria das fotos registrava o bicho em movimento, borrado ou com apenas uma parte do corpo visível. Então, ter um registro tão claro dessa onça-parda foi incrível para nós! Ela literalmente posou para a foto". 

Nativa das Américas, a onça-parda, também conhecida como puma, suçuarana ou leão-baio, é a espécie de mamífero terrestre com a maior distribuição geográfica do ocidente. Ela é capaz de percorrer áreas extremamente alteradas pelo homem, como pastagens e cultivos agrícolas. No Brasil, vive um declínio populacional devido, principalmente, à diminuição de suas presas e alteração de ambientes naturais, ambos causados por atividades antrópicas.

Furtado explica que, no sul do Cerrado, onde trabalha, os remanescentes e as áreas protegidas são menores, mas abrigam grande biodiversidade. "É um bom sinal sabermos que fragmentos do tamanho da EESB estão conseguindo garantir, pelo menos por enquanto, área de vida mínima para espécies do Cerrado manterem suas populações. O próximo desafio é manter essas áreas preservadas e garantir a conservação das espécies que usam habitats abertos de Cerrado, como os campestres e savânicos, que estão ameaçados e desaparecendo no sudeste do Brasil", conclui ela.