Notícia
Fabricio Mazocco
- Publicado em
07-08-2023
13:00
Pesquisa aborda desperdício de alimentos nos domicílios brasileiros
Cerca de 1/3 de tudo que é produzido de alimento no mundo é perdido ou desperdiçado anualmente, o que gera impactos econômicos, ambientais e sociais. Em se tratando de Brasil, a quantidade de perda é maior nos elos iniciais da cadeia (produção, transporte, armazenamento etc.), que é uma característica dos países em desenvolvimento em virtude da falta de infraestrutura adequada. A pesquisa de doutorado de Lucas Rodrigues Deliberador, que teve a orientação do professor Mário Otávio Batalha, do Departamento de Engenharia de Produção (DEP) da UFSCar, desenvolveu um modelo teórico que permite identificar e aquilatar as causas que levam ao desperdício de alimentos nos domicílios brasileiros. A tese foi ganhadora do Prêmio "Prof. Evaristo Marzabal Neves" de melhor tese de doutorado em Administração Rural de 2023, premiação concedida anualmente pela Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober).
O trabalho, defendido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) em 14 de fevereiro de 2023, tem como título "O comportamento do consumidor no desperdício de alimentos em domicílios brasileiros". O desperdício estudado foi do alimento destinado ao consumo humano e que é descartado devido ao comportamento do consumidor. "É importante ressaltar que a maior parte do desperdício pode ser evitável ou possivelmente evitável, por exemplo, partes de alimentos que algumas pessoas comem e outras não (cascas de frutas, legumes etc.). A ideia foi elaborar um modelo teórico, criado a partir de diferentes variáveis encontradas na literatura, que abordasse as possíveis causas do desperdício. Esse modelo foi testado empiricamente para saber quais dessas variáveis poderiam ser validadas para a nossa amostra. A análise dos resultados se deu por meio da técnica estatística de modelagem de equações estruturais", explicou Deliberador.
Como parte da pesquisa, foi aplicado um questionário online, com cerca de 70 questões. Para responder o questionário, o participante deveria ser maior de 18 anos e o responsável pela compra/preparação dos alimentos em seu domicílio. "Tivemos um alcance de mais de 100 mil pessoas, porém nem todas responderam. A etapa de divulgação foi muito interessante, porque recebemos feedback de muitas pessoas que se interessaram pela pesquisa. As pessoas comentavam sobre o que elas faziam para diminuir o desperdício em casa e o quanto elas achavam a pesquisa importante para reduzir a insegurança alimentar do nosso País. Outras contavam histórias sobre seus comportamentos alimentares de infância e que, por isso, elas cresceram com determinado comportamento", comentou o pesquisador. Ao todo, 2.047 pessoas responderam o questionário por completo, com respostas de todos os estados do Brasil.
Entre alguns resultados, estão que aquelas pessoas que se preocupam mais com as questões ambientais e em poupar dinheiro (visto que o desperdício de alimentos também é um desperdício de recursos financeiros) possuem maior intenção em reduzir o desperdício. Pessoas que se preocupam com as causas sociais, como com pessoas que passam fome, também desperdiçam menos alimentos. No entanto, o brasileiro também tem a característica de ser um bom provedor de alimentos para seus familiares e convidados. Assim, aquelas pessoas que gostam de fornecer alimentos em abundância em suas refeições tendem a desperdiçar mais. O mesmo acontece com pessoas que são mais seletivas com a aparência dos alimentos, que descartam, por exemplo, uma fruta ou vegetal com algum "machucado".
"Nós esperamos que o estudo não contribua apenas com a teoria, embora estudos dessa problemática sejam escassos em países emergentes. Queremos que, além de entender o comportamento do consumidor brasileiro frente ao desperdício de alimentos em domicílios, a pesquisa possa contribuir com as políticas de prevenção do desperdício e segurança alimentar, conscientização dos consumidores e elaboração de futuras agendas de pesquisas nesta área", acrescentou Deliberador.
E quais são as melhores formas de reduzir o desperdício de alimentos? O pesquisador citou algumas: planejar melhor as suas refeições; dar um melhor aprovisionamento dos alimentos prontos; conferir as datas de validade das embalagens e a quantidade de alimento que vem em uma embalagem ao comprá-lo; fazer uma lista de compras consciente e segui-la ao ir ao supermercado; se policiar com promoções do tipo "compre um, leve dois", que podem levá-lo a comprar em excesso; reaproveitar as sobras; checar os alimentos que foram esquecidos no refrigerador. E o principal, não esquecer daqueles que vivem com insegurança alimentar, esta pode ser a maior forma de conscientização.
O Prêmio foi entregue em cerimônia solene que aconteceu durante o 61º Congresso da Sober, realizado entre os dias 23 e 27 de julho, na Esalq/USP, em Piracicaba. "Eu sabia que o meu trabalho havia sido indicado ao prêmio e já estava feliz pelo reconhecimento do PPGEP. Sabia que seria difícil receber o prêmio em virtude da quantidade de bons estudos que são indicados por diferentes programas de pós-graduação. Quando recebi a notícia do prêmio, enviada pelo meu orientador, fiquei sem acreditar! Meus orientadores também fazem parte desta conquista, sem eles eu não teria conseguido. Agradeço ao professor Mário Batalha e à professora Aldara César pela confiança e dedicação. Também gostaria de deixar os meus agradecimentos à equipe da Sober e ao PPGEP pelo reconhecimento e incentivo dado aos pesquisadores brasileiros", concluiu.
O trabalho, defendido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) em 14 de fevereiro de 2023, tem como título "O comportamento do consumidor no desperdício de alimentos em domicílios brasileiros". O desperdício estudado foi do alimento destinado ao consumo humano e que é descartado devido ao comportamento do consumidor. "É importante ressaltar que a maior parte do desperdício pode ser evitável ou possivelmente evitável, por exemplo, partes de alimentos que algumas pessoas comem e outras não (cascas de frutas, legumes etc.). A ideia foi elaborar um modelo teórico, criado a partir de diferentes variáveis encontradas na literatura, que abordasse as possíveis causas do desperdício. Esse modelo foi testado empiricamente para saber quais dessas variáveis poderiam ser validadas para a nossa amostra. A análise dos resultados se deu por meio da técnica estatística de modelagem de equações estruturais", explicou Deliberador.
Como parte da pesquisa, foi aplicado um questionário online, com cerca de 70 questões. Para responder o questionário, o participante deveria ser maior de 18 anos e o responsável pela compra/preparação dos alimentos em seu domicílio. "Tivemos um alcance de mais de 100 mil pessoas, porém nem todas responderam. A etapa de divulgação foi muito interessante, porque recebemos feedback de muitas pessoas que se interessaram pela pesquisa. As pessoas comentavam sobre o que elas faziam para diminuir o desperdício em casa e o quanto elas achavam a pesquisa importante para reduzir a insegurança alimentar do nosso País. Outras contavam histórias sobre seus comportamentos alimentares de infância e que, por isso, elas cresceram com determinado comportamento", comentou o pesquisador. Ao todo, 2.047 pessoas responderam o questionário por completo, com respostas de todos os estados do Brasil.
Entre alguns resultados, estão que aquelas pessoas que se preocupam mais com as questões ambientais e em poupar dinheiro (visto que o desperdício de alimentos também é um desperdício de recursos financeiros) possuem maior intenção em reduzir o desperdício. Pessoas que se preocupam com as causas sociais, como com pessoas que passam fome, também desperdiçam menos alimentos. No entanto, o brasileiro também tem a característica de ser um bom provedor de alimentos para seus familiares e convidados. Assim, aquelas pessoas que gostam de fornecer alimentos em abundância em suas refeições tendem a desperdiçar mais. O mesmo acontece com pessoas que são mais seletivas com a aparência dos alimentos, que descartam, por exemplo, uma fruta ou vegetal com algum "machucado".
"Nós esperamos que o estudo não contribua apenas com a teoria, embora estudos dessa problemática sejam escassos em países emergentes. Queremos que, além de entender o comportamento do consumidor brasileiro frente ao desperdício de alimentos em domicílios, a pesquisa possa contribuir com as políticas de prevenção do desperdício e segurança alimentar, conscientização dos consumidores e elaboração de futuras agendas de pesquisas nesta área", acrescentou Deliberador.
E quais são as melhores formas de reduzir o desperdício de alimentos? O pesquisador citou algumas: planejar melhor as suas refeições; dar um melhor aprovisionamento dos alimentos prontos; conferir as datas de validade das embalagens e a quantidade de alimento que vem em uma embalagem ao comprá-lo; fazer uma lista de compras consciente e segui-la ao ir ao supermercado; se policiar com promoções do tipo "compre um, leve dois", que podem levá-lo a comprar em excesso; reaproveitar as sobras; checar os alimentos que foram esquecidos no refrigerador. E o principal, não esquecer daqueles que vivem com insegurança alimentar, esta pode ser a maior forma de conscientização.
O Prêmio foi entregue em cerimônia solene que aconteceu durante o 61º Congresso da Sober, realizado entre os dias 23 e 27 de julho, na Esalq/USP, em Piracicaba. "Eu sabia que o meu trabalho havia sido indicado ao prêmio e já estava feliz pelo reconhecimento do PPGEP. Sabia que seria difícil receber o prêmio em virtude da quantidade de bons estudos que são indicados por diferentes programas de pós-graduação. Quando recebi a notícia do prêmio, enviada pelo meu orientador, fiquei sem acreditar! Meus orientadores também fazem parte desta conquista, sem eles eu não teria conseguido. Agradeço ao professor Mário Batalha e à professora Aldara César pela confiança e dedicação. Também gostaria de deixar os meus agradecimentos à equipe da Sober e ao PPGEP pelo reconhecimento e incentivo dado aos pesquisadores brasileiros", concluiu.