Notícia

Isabela Gandini - Publicado em 12-07-2023 08:00
NEEDS cria programa de computador para mapear APPs
Programa de computador mapeia Áreas de Preservação Permanente (Imagem: NEEDS)
Programa de computador mapeia Áreas de Preservação Permanente (Imagem: NEEDS)
A conservação das florestas está diretamente ligada à preservação da biodiversidade, à conservação do solo e também à produção e qualidade da água. Para isso, no Brasil, alguns mecanismos de proteção foram criados, como por exemplo, as chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs), que são as faixas que ficam na margem de rios, lagos e cursos d?água naturais. Desde 2012, com a aprovação da Nova Lei Florestal, toda vegetação localizada em uma APP deve ser mantida pelo proprietário da área, já que tem grande influência sobre diversos processos que afetam diretamente os recursos hídricos, entre eles a erosão do solo, o assoreamento e a poluição. No novo Código Florestal, as APPs estão classificadas em 11 modalidades, sendo que há delimitação de quais áreas devem ser restauradas.

Segundo o professor Alexandre Camargo Martensen, do Centro de Ciências da Natureza (CCN) do Campus Lagoa do Sino da UFSCar e integrante do Núcleo de Estudos em Ecologia Espacial e Desenvolvimento Sustentável (NEEDS) da Universidade, essa definição demanda um geoprocessamento mais complexo, o que dificulta a realização por pessoas não capacitadas. "Para identificação das áreas que apresentam um déficit de vegetação e que precisam ser restauradas, pelo novo Código Florestal, é preciso saber o tamanho da propriedade, que é em módulos fiscais e que varia de município para município, além de saber sobre como era a cobertura do solo, anos atrás, por exemplo", afirma.  

Para facilitar a identificação dessas áreas rurais degradadas que precisam ser recuperadas, o professor Alexandre Martensen, desenvolveu, junto ao NEEDS, um programa de computador, gratuito, chamado RestaurarApp, que cruza informações disponíveis em diferentes bancos de dados, utilizando mapas do MapBiomas, da rede colaborativa de especialistas e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), além de diversos softwares livres. "Com esse pacote que desenvolvemos, conseguimos definir todos os déficits de biodiversidade existentes nos municípios, mapeando quais ações serão necessárias para alcançarmos resultados promissores de restauração", completa Martensen. 

Atualmente, o programa é utilizado em quase 40 cidades, distribuídas entre os estados de São Paulo, Espírito Santo, Pará, Bahia e Minas Gerais. A cidade de Itapeva, no interior de São Paulo, é um dos municípios que já receberam o mapeamento feito pela Universidade. O contato entre a UFSCar e a prefeitura da cidade foi feito através de uma parceria com a ONG Cílios da Terra, contratada por meio do Programa "Planos da Mata", da SOS Mata Atlântica, que elabora Planos Municipais da Mata Atlântica, em todo o País. Segundo a Diretora do Departamento de Controle, Licenciamento e Fiscalização de Itapeva, Tatiana Dobner, o trabalho da UFSCar auxilia o município a buscar pontos de partida para os projetos que serão desenvolvidos. "Em Itapeva nós temos os biomas Mata Atlântica e Cerrado. Esse levantamento é essencial para nos mostrar onde estamos, em termos de necessidade de restauração de espaços, para assim definirmos onde queremos chegar", ressalta. 

Mais informações sobre o RestaurarApp estão disponíveis em reportagem especial do canal UFSCar Oficial, no YouTube.