Notícia

Gisele Bicaletto - Publicado em 06-12-2022 13:00
UFSCar integra rede de enfrentamento da resistência antimicrobiana
Rede já conta com cem inscritos (Imagem: Reprodução)
Rede já conta com cem inscritos (Imagem: Reprodução)

Estabelecer um grupo de cooperação técnica de enfermeiros sobre resistência antimicrobiana (RAM) e o Programa de Gestão Antimicrobiano (PGA), de modo a fomentar discussões científicas sobre esses temas, desenvolvimento de pesquisas na área e contribuição para difusão de conhecimento e engajamento de enfermeiros frente a essa problemática no Brasil: esse é objetivo central da Rede Brasileira de Enfermeiros para o Enfrentamento da Resistência Antimicrobiana (REBRAN). O grupo foi criado em outubro e tem a participação de profissionais da Enfermagem de diferentes locais do Brasil, além de docentes e pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP).

De acordo com Rosely Moralez de Figueiredo, docente do Departamento de Enfermagem da UFSCar (Denf) e integrante da REBRAN, a RAM e o PGA são temas relevantes para a saúde global e a criação da rede é uma iniciativa pioneira e importante para atuar de forma efetiva nesse cenário. "O tema é um dos grandes problemas de saúde pública mundial e todas as iniciativas para minimizar a RAM são muito bem-vindas. Uma rede de enfermeiros, abordando esse tema, é pioneira no mundo", destaca a professora.

A RAM é um grave problema em todo o mundo. "O uso de antimicrobianos de forma indiscriminada é muito frequente. Os serviços de saúde estão se organizando de diferentes formas para enfrentar esse problema, mas ainda há muito o que ser feito", reflete Rosely Figueiredo. A RAM põe em risco a eficácia da prevenção e do tratamento de um número cada vez maior de infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas. A RAM ocorre quando microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) sofrem alterações diante dos antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplo) e, com isso, os medicamentos se tornam ineficazes e as infecções persistem, aumentando sua gravidade e o risco de propagação para outras pessoas. Pode chegar, inclusive, à situação em que não há opção de antimicrobiano para tratamento de determinada infecção.

Segundo Figueiredo, enfermeiras e enfermeiros já têm atuação na RAM, mas ainda de forma incipiente. Dentre as ações já realizadas por esses profissionais, a professora da UFSCar enumera a distribuição das medicações prescritas ao longo do dia; levantamento de histórico de alergias do paciente; administração de antimicrobianos; avaliação de condições da rede venosa e do acesso vascular dos pacientes; análise da capacidade de ingestão via oral, presença ou não de sondas para alimentação; identificação precoce de sinais de infecção e monitoramento de piora ou melhoras desses sinais durante o uso de antimicrobianos.

"Os profissionais praticam ações de extrema relevância para o PGA, mas muitas vezes ainda de forma desarticulada com o programa e com os demais profissionais", aponta. A partir da criação da REBRAN, uma rede inédita no Brasil, a ideia é estabelecer um grupo de cooperação técnica entre os enfermeiros cujas ações promovam discussão de aspectos relevantes sobre o papel da Enfermagem no enfrentamento da RAM e PGA no Brasil; contribuição para formação de enfermeiros líderes que sejam produtores e disseminadores de conhecimento dos contextos institucionais; além da articulação de líderes de opinião que fomentem a disseminação de informações sobre RAM e PGA por mídias sociais e outras ferramentas de comunicação.

Interessados em conhecer as ações e propostas a REBRAN podem acessar o Instagram e o Twitter da Rede.