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Eduardo Sotto Mayor - Publicado em 17-11-2022 08:30
Pesquisadores da UFSCar explicam mitos e verdades da musculação
Pesquisadores da UFSCar explicam mitos e verdades da musculação (Imagem: Divulgação)
Pesquisadores da UFSCar explicam mitos e verdades da musculação (Imagem: Divulgação)
O número de séries e repetições durante um treino de musculação influência nos resultados? É mais eficiente realizar mais repetições com menos peso ou usar mais peso com menos repetições, na academia? É melhor manter um treino por bastante tempo ou trocar de exercício e cargas frequentemente? Será verdade que um treino só pode ser considerado eficiente se provocar dores musculares? E a musculação para mulheres? Elas têm mais dificuldade de ganhar músculos que os homens? As dúvidas relacionadas a esse tipo de atividade física são inúmeras e mitos e verdades são compartilhados diariamente. Para esclarecer todas essas questões, nas últimas décadas, pesquisadores em todo o mundo têm desenvolvido estudos sobre a Ciência do Treinamento de Força e conquistado avanços científicos relevantes que ajudam a responder as perguntas que são feitas há anos.

Segundo o professor Cleiton Augusto Libardi, do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana e coordenador do Laboratório de Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força (MuscuLab), ambos da UFSCar, ainda são muitas as questões envolvendo a maneira correta de realizar exercícios, mas a ciência tem ajudado a mudar paradigmas na prescrição do treinamento da musculação, visando ao ganho de massa muscular, a chamada hipertrofia. De acordo com o pesquisador, entre as dúvidas mais frequentes, está a relação entre o número de repetições, a quantidade de carga levantada e os resultados obtidos na musculação. "Estudos do MuscuLab demonstraram que desde que o treinamento seja realizado até próximo a fadiga muscular, mais repetições com menos peso ou mais peso com menos repetições são igualmente efetivos para aumentar a força e massa muscular", explica o especialista.

Em outras análises, o Musculab da UFSCar demonstrou ainda que a variação do estímulo não garante maiores ganhos de massa muscular e nem evita a estagnação dos ganhos, ou seja, um programa de musculação tradicional, realizado com cargas, séries e repetições fixas, promove ganhos de massa muscular similares a protocolos de treino em que são manipulados frequentemente carga, repetições, séries e intervalo de descanso, por exemplo. "Desta forma, não apenas o praticante de musculação que gosta de mudar o treino com frequência, mas também aquele que não gosta de mudar frequentemente seus programas de treinamento podem se beneficiar igualmente", esclarece.

Dentre outras hipóteses pesquisadas, os estudiosos demonstraram que não é necessário ter dor muscular nos dias seguintes após uma sessão de treinamento, a chamada dor tardia, para que o músculo cresça. "Na verdade, quando existem esses pequenos traumas nos músculos, causados pelo exercício, o organismo cuida primeiro de repará-los para que, só quando o músculo estiver regenerado, a síntese de proteínas seja direcionada não mais para o reparo, mas sim para a hipertrofia muscular", completa Cleiton Libardi.

Outra questão feita ao longo das últimas décadas é se haveria alguma diferença de ganhos musculares entre homens e mulheres. O professor Cleiton Libardi esclarece que, apesar das diferenças nas concentrações de hormônios anabólicos, as mulheres apresentam uma taxa de síntese de proteínas e ganhos de massa muscular relativos similares aos dos homens. O ponto é que devido às alterações nas concentrações hormonais durante a puberdade, principalmente de testosterona, os homens desenvolvem mais massa muscular que as mulheres. Apesar disso, quando a massa muscular de homens e mulheres é estimulada por meio dos exercícios de musculação, a resposta ao estímulo é similar entre os sexos. "No entanto, os ganhos absolutos serão maiores em quem já parte de uma massa muscular maior", destaca.

Além de promover estudos, o Laboratório da UFSCar tem capacitado profissionais que atuam na área. Atualmente, o Curso de Especialização em Ciência do Treinamento de Força da UFSCar recebe inscrições. "Ainda há muita prescrição de exercícios físicos que não é pautada em evidência científicas, o que faz com que os praticantes não tenham os melhores resultados possíveis.", relata o professor. A pós-graduação habilita os profissionais a interpretar evidências científicas e utilizá-las como base para impactar positivamente a saúde e o rendimento de seus alunos e pacientes, seja na área da saúde, seja em esportes de alto rendimento ou no campo da estética.

São abordados assuntos como bioenergética, biomecânica, métodos de treinamento, nutrição, dentre outros. Também são apresentadas técnicas para a realização de diagnósticos e o uso do treinamento de força como intervenção segura e eficaz. A especialização ainda prepara os profissionais para aplicarem treinamentos em populações específicas, como, por exemplo, crianças, gestantes, diabéticos, cardiopatas, idosos e indivíduos com síndrome metabólica. As aulas começam em 2023. A especialização conta com um corpo docente formado por professores e especialistas da própria Universidade, além de convidados de outras instituições do País. Profissionais graduados da área da Saúde (Educação Física, Fisioterapia, Gerontologia, Terapia Ocupacional, Nutrição, Medicina etc.) e demais interessados na temática do curso podem participar. Para se inscrever e ter mais informações, como grade curricular, carga horária, valores de investimento e outras, basta acessar www.bit.ly/treinamentodeforca2023.